Quando o processo de envelhecimento requer adaptação e já passa a necessitar da ajuda de um cuidador para as atividades do cotidiano, até mesmo para a realização das atividades como higiene pessoal, caminhar, ir ao banheiro, vestir-se, ou seja, quando o idoso não possui mais a autonomia para tocar sozinho, já chegado o momento da presença de um cuidador.
Sabemos que mesmo em um processo de envelhecimento natural, haverá um momento em que a família precisará se adaptar para atender às novas demandas do familiar idoso, considerando que as necessidades mudam e a atenção também. Porém, quando este processo caminha e o próprio familiar cuidador também já se encontra na terceira idade, quem cuidará de quem?
A começar pela estrutura da casa onde muitas vezes o idoso que mora em um espaço de dois andares, já não terá como acessar a parte de cima, o que leva as famílias a transformarem salas, que normalmente ficam no térreo, em quartos. A alimentação também precisa estar adequada pois a doença afeta inclusive a deglutição. O sono de um idoso que pode inclusive estar sofrendo de demência, passa a ser cada vez mais fragmentado, portanto, as noites podem ser longas.
Diante da nova realidade do idoso, os cuidados são exigidos de forma permanente e progressiva, o que afeta emocionalmente toda a família e especialmente o seu cuidador direto, que é normalmente um parente mais próximo e com o aumento da longevidade, esse cuidador, muitas vezes, também já é um idoso.
O cuidador de um idoso, além de estar envolvido sentimentalmente, vê seus dias em função do idoso, pois o período noturno que deveria ser de descanso, torna-se um momento de trabalho e muito cansaço, visto que todos os sintomas da demência continuam durante toda a noite, incluindo quando o idoso acorda gritando e precisa ser monitorado, fazendo com que o cuidador não tenha um tempo para recuperar suas energias e gere expectativas negativas sobre a chegada da noite.
Esta situação frente a um quadro crônico e progressivo, acaba transformando os membros da família, especialmente aquele diretamente envolvido nos cuidados, em uma pessoa estressada, deprimida, exausta e afastada da sociedade, o que pode acarretar problemas emocionais, físicos e sociais
Culturalmente, em nosso país a maioria destas pessoas cuidadoras ainda é de mulheres e grande parte também entrando num processo de envelhecimento. Segundo pesquisas são as que mais sofrem de angústia, cansaço e infelizmente, ainda sofrem com o desamparo dos demais familiares, que ignoram a dimensão dos problemas emocionais e até doenças graves em decorrência dos dias exaustivos.
Vale ressaltar que esses cuidadores idosos, são doentes em potencial e devem ser observados, pois são pessoas comuns, que de uma hora para outra foram tiradas de suas vidas para viverem em função do idoso com demência. Sendo assim, é extremamente necessária, uma intervenção dos familiares e amigos próximos para que haja uma estrutura de apoio, até mesmo para que este cuidador tenha forças e instrumentos para continuar no processo de cuidar.
A prevenção por meio de cuidados com a saúde emocional e física, além do descanso são imprescindíveis. Uma união familiar, para que não sobrecarregue uma única pessoa que acaba assumindo multifunções e principalmente, que os familiares não atribuam a culpa a esse cuidador, por também querer viver além do universo do idoso e lhe dê condições
Nossa experiência na Residência Primaveras é bastante rica, aprendemos dia após dia com cada residente e hóspede. Precisamos compreender as dores e inseguranças e nunca ignorar ou subjugar qualquer sentimento, simplesmente acolher e ajudar a estimular nas pessoas idosas, novos objetivos e a alegria de viver.
Estamos para ouvir, acolher e cuidar do jeito mais humanizado que houver.
Venha nos conhecer!